Na retomada dos trabalhas, a preocupação está com as MPs, que podem trancar pauta se não forem votadas em até 45 dias após a edição / Foto: Cléber Medeiros/Agência Senado
Desta vez, a premissa de que tudo acontece somente depois do Carnaval, será quebrada. O Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores retomam as atividades já na semana que vem dia 5. Em Brasília, pelo menos 20 medidas provisórias (MPs) pendentes de votação já estão na pauta.
A matéria mais polêmica é a que reonera a folha de pagamentos de 17 setores da economia. O impasse gira em torno da MP 1202/23. Editada no fim do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a medida provisória restringe os efeitos de uma lei que colocou em lados opostos os interesses dos Poderes Legislativo e Executivo. A medida provisória encontra resistência no Congresso Nacional.
Parlamentares da oposição defendem a devolução do texto ao Poder Executivo. Outras dez proposições liberam R$ 96 bilhões para a quitação de precatórios e o enfrentamento de desastres climáticos. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
Interromper o período de recesso parece não fazer parte dos planos de lideranças partidárias, mesmo que os assuntos que precisam ser debatidos sejam de enorme interesse nacional. É que estava na pauta do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), uma reunião nesta segunda-feira (29). Estava. Foi adiada justamente por falta de quórum, segundo informações.
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, estará sozinho em Brasília nesta segunda para tratar das articulações / Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Os parlamentares não retornam antes do dia 5 de fevereiro. A reunião seria para discutir o veto do presidente Lula às emendas de comissão, de R$ 5,6 bilhões no orçamento de 2024. Há inconformismo entre os parlamentares diante da questão, e já comentam possíveis mudanças de comportamento com base na articulação política do governo federal.
Além dos vetos, haveria também discussão sobre a medida provisória editada pelo governo no final do ano passado que põe fim à desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia. Outro tema que também estaria na agenda com as lideranças trataria das autorizações do Supremo Tribunal Federal (STF) para operações da Polícia Federal contra congressistas.
Como presidente da Câmara, ele poderia tomar muitas decisões sozinho. Nesta segunda, Lira estará em Brasília e deverá alinhar conversas e negociações referentes aos assuntos de interesse da Casa.
Nesta quinta-feira (14), o Congresso Nacional rejeitou o veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia. O texto, que havia sido vetado integralmente, será agora promulgado como lei. O benefício acabaria em 31 de dezembro de 2023 e será prorrogado até 31 de dezembro de 2027, como previa o Projeto de Lei 334/23.
Foram dois vetos importantes do presidente Lula derrubados pelo Congresso / Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
A renúncia com a desoneração no setor privado é estimada em cerca de R$ 9,4 bilhões estimado pelo Ministério da Fazenda. Com a desoneração, as empresas beneficiadas podem optar pelo pagamento das contribuições sociais sobre a receita bruta com alíquotas de 1% a 4,5% em vez de pagar 20% de INSS relativo aos empregados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
No Senado Federal, foram 60 votos pela rejeição do veto e 13 a favor. Na Câmara dos Deputados, houve 78 votos a favor do veto e 378 por sua rejeição.
Derrubada do veto do marco temporal das terras indígenas
O Congresso Nacional também rejeitou o veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao projeto de lei do marco temporal das terras indígenas (PL 490/07). Os trechos serão incorporados à Lei 14.701/23.
Embora já julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o marco temporal definido pelo projeto restringe a demarcação de terras indígenas àquelas já tradicionalmente ocupadas por esses povos em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da nova Constituição federal.
Para serem consideradas terras ocupadas tradicionalmente deverá ser comprovado objetivamente que elas, na data de promulgação da Constituição, eram, ao mesmo tempo, habitadas em caráter permanente, usadas para atividades produtivas e necessárias à preservação dos recursos ambientais e à reprodução física e cultural.
O Congresso derrubou, na tarde de ontem, o veto presidencial à prorrogação, até o final de 2021, da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia, que empregam mais de 6 milhões de pessoas. Os deputados já haviam derrubado o veto no início da tarde e os senadores seguiram na mesma linha, em sessão ocorrida horas depois. Era uma demanda de vários setores para evitar demissões. A derrubada do veto foi garantida pelos congressistas após acordo com o governo.