O anúncio de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato ao Senado por Santa Catarina foi o estopim de uma crise dentro do próprio campo bolsonarista.
Deputada Ana Campagnolo / Foto: Jeferson Baldo / Agência AL
A candidatura dele é vista por parte da direita catarinense como uma “intervenção de fora”, já que o estado tem lideranças locais consolidadas, como Caroline de Toni, Ana Campagnolo e até Daniel Freitas, que vinham sendo cotadas para a vaga.
A situação ficou ainda mais delicada com a troca de farpas públicas entre Carlos Bolsonaro e Campagnolo, algo que expôs as rachaduras internas do PL em SC. Caroline de Toni, por sua vez, tenta manter uma postura institucional, mas já sinaliza que pode mudar de legenda (o Novo seria uma opção) se o PL fechar questão em torno de Carlos.
Essa disputa é simbólica: revela a tensão entre o bolsonarismo “de origem” (família Bolsonaro) e o bolsonarismo catarinense, que quer mais autonomia.
O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem intensificado sua presença em Santa Catarina, onde foi visto nos corredores da Efapi Brasil, em Chapecó, e em encontros com lideranças de municípios próximos, como Xanxerê e Concórdia.
Filho do ex-presidente intensifica agenda em SC e amplia rumores sobre aliança com Caroline De Toni / Fotos: reprodução / divulgação
Ao lado da deputada federal Caroline De Toni (PL-SC), o gesto reforça a leitura de que ambos poderão disputar vagas ao Senado pelo estado nas eleições de 2026. Como se vê, a questão em torno do nome de Carlos Bolsonaro, ao Senado, por Santa Catarina, parece ser uma decisão consolidada.
Nos bastidores, o nome de Carlos aparece bem posicionado em pesquisas de intenção de voto, embora ainda não haja confirmação oficial de sua transferência de domicílio eleitoral para SC.
O movimento, porém, divide opiniões: enquanto simpatizantes veem nele um nome forte do bolsonarismo, lideranças locais, inclusive empresariais, manifestam resistência à ideia de uma candidatura “de fora”. O PL catarinense, por sua vez, segue negociando internamente quais nomes representarão o partido na corrida ao Senado.
A política catarinense vive um momento de tensão silenciosa, mas profunda. A insistência da direção nacional do PL, sob influência direta do ex-presidente Jair Bolsonaro, em lançar Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina, tem criado um impasse delicado dentro do campo conservador no Estado, um reduto que sempre demonstrou fidelidade ao bolsonarismo, mas que também preza pela autonomia e valorização de suas próprias lideranças.
A presença do vereador carioca no âmbito catarinense segue gerando discussão / Aliás, ele anda por Santa Catarina, buscando aproximação / Crédito: Divulgação/Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Não é segredo que o nome de Caroline De Toni, deputada federal em ascensão e uma das figuras mais identificadas com o eleitorado conservador catarinense, desponta naturalmente como opção ao Senado. Ignorar essa representatividade local em nome de um movimento de cima para baixo soa, para muitos, como um gesto de ingerência da cúpula nacional, e tem provocado incômodo até entre aliados históricos do ex-presidente.
Hora de conciliar
Nesse tabuleiro complexo, o governador Jorginho Mello surge como peça central. Líder do PL em Santa Catarina e aliado leal de Bolsonaro, Jorginho precisa conciliar fidelidade e autonomia, um equilíbrio que raramente se mantém sem custos políticos.
De um lado, há o dever de preservar o alinhamento com o líder nacional do partido; de outro, a responsabilidade de defender o protagonismo catarinense dentro de um projeto político que, até aqui, sempre se sustentou pela força regional.
Caroline e Amin
Em meio a esse cenário, cresce a especulação sobre uma possível dobradinha entre Caroline De Toni e o senador Esperidião Amin (PP). Amin, figura respeitada e experiente da política catarinense, mantém diálogo com diferentes correntes do conservadorismo e poderia representar um ponto de convergência entre o PL e o PP, fortalecendo o campo de direita no Estado e reforçando a ideia de alianças baseadas em representatividade local, e não em imposições externas.
Marcas profundas
Se o impasse persistir, o episódio pode deixar marcas duradouras. A condução dessa crise dirá muito sobre a capacidade de Jorginho Mello de liderar com autonomia sem romper pontes com Bolsonaro, e também sobre o futuro do PL catarinense como principal força conservadora do Sul do país.
Em tempos de reorganização política e disputa por espaços dentro do bolsonarismo, Santa Catarina mais uma vez se torna palco de um teste de força, entre o poder da influência nacional e o orgulho de suas lideranças regionais.
O xadrez político de Santa Catarina para 2026 vai ganhando contornos cada vez mais complexos. A deputada federal Caroline De Toni (PL) desponta como nome forte ao Senado, mas sua trajetória dependerá diretamente das articulações dentro do bolsonarismo.
Carlos Bolsonato / Foto: Sergio Lima / AFP
A possibilidade de Carlos Bolsonaro transferir o domicílio eleitoral para o Estado, somada à provável candidatura de Esperidião Amin (PP), cria um cenário de alta competitividade. Enquanto Amin carrega o peso da tradição e Carlos teria o apelo nacional do clã, Caroline busca consolidar-se como representante de raízes locais, com respaldo tanto do PL catarinense quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Composição na majoritária
No governo, Jorginho Mello (PL) surge bem posicionado para a reeleição. A aliança com o MDB já é tratada como certa, e o partido deve indicar o vice da chapa.
Disputa ao Senado pode redesenhar forças no bolsonarismo catarinense, enquanto Jorginho Mello costura reeleição com vice do MDB. Ivete da Silveira, assume o protagonismo. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Nomes como Ivete Appel da Silveira e Antídio Lunelli circulam nas colunas políticas, mas Ivete aparece como favorita para compor a majoritária, pela força regional e equilíbrio partidário que oferece.
Vaga ao Senado
Assim, a disputa ao Senado tende a ser o ponto mais sensível dessa engrenagem. Caso Carlos Bolsonaro confirme candidatura, Caroline pode ser pressionada a rever planos ou disputar espaço em condições mais duras. Se ele recuar, a deputada ganha terreno e pode se consolidar como aposta do PL catarinense.
Amin, por sua vez, mantém-se como peça quase incontornável. Já Jorginho caminha para reforçar sua base, costurando apoios e garantindo ao MDB um lugar de destaque na corrida.
Desfecho
No fim, o desenho da chapa vai depender de até onde o PL estadual aceitar dividir protagonismo com os Bolsonaro. Caroline De Toni está no jogo, mas o tabuleiro, em 2026, promete movimentos intensos até a definição final.
A deputada federal Carol De Toni (PL-SC) protocolou o Projeto de Lei 4575/2025, que propõe flexibilizar o manejo sustentável da araucária, espécie símbolo do Sul do Brasil e integrante do bioma Mata Atlântica. A ideia é permitir que produtores possam manejar a árvore em áreas já alteradas, sistemas agroflorestais e plantios comerciais, desde que apresentem um plano técnico simples.
Proposta de Carol De Toni busca conciliar preservação da araucária com geração de renda para produtores rurais / Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
O texto também prevê linhas de crédito, apoio à certificação e assistência técnica, sem permitir cortes em áreas de preservação permanente ou reservas legais. A araucária, classificada como “em perigo de extinção”, é fundamental para a conservação do solo, retenção de água e manutenção da biodiversidade.
Hoje, a legislação praticamente impede seu manejo, o que, segundo a deputada, desestimula produtores a preservá-la ou plantá-la. O projeto busca inverter essa lógica, transformando a conservação em oportunidade de renda e desenvolvimento sustentável.
A ideia não é de hoje
Seja como for, a iniciativa da deputada Caroline De Toni abre um debate necessário: como conciliar preservação e uso produtivo de espécies ameaçadas. O risco de flexibilizar normas ambientais sempre existe, sobretudo em um país marcado por pressões econômicas sobre os recursos naturais.
Mas é fato que a proibição rígida muitas vezes gera efeito contrário, desestimulando o plantio e levando ao abandono de áreas. Se bem regulado e fiscalizado, o projeto pode ser um passo importante para transformar a araucária de símbolo ameaçado em protagonista de uma nova lógica de conservação ativa e rentável.
O desafio será garantir que a proposta não se torne brecha para exploração predatória. Em suma, a discussão ocorre há muito tempo.
O Partido Liberal (PL) nomeou Eduardo Bolsonaro como novo líder da Minoria na Câmara dos Deputados, numa manobra interpretada em Brasília como tentativa de blindagem política em meio às pressões que ameaçam o mandato do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Deputada Carlonie De Toni abriu mão da função para fortalecer colega de bancada; movimento do PL é visto como tentativa de blindar Eduardo em meio a risco de cassação / Foto: Agência Câmara
A mudança só foi possível após um gesto da deputada Caroline De Toni (PL-SC), que abdicou da função em prol do colega de bancada. A catarinense vinha exercendo a liderança desde o início do ano e é considerada um dos nomes de maior destaque da nova geração bolsonarista no Congresso. Internamente, o movimento foi lido como sinal de lealdade da deputada à família Bolsonaro e de alinhamento estratégico ao comando do partido.
Manobra
Nos bastidores, a manobra do PL é vista como um recado claro: a legenda seguirá priorizando a família Bolsonaro em posições estratégicas. Porém, a escolha não foi consensual. Alguns deputados da oposição consideram que Eduardo pode acirrar ainda mais os embates com o governo Lula, já que tem histórico de declarações polêmicas e de confronto direto com adversários. Caroline, por sua vez, deve continuar em destaque dentro da bancada e do bolsonarismo, consolidando sua imagem como figura de confiança da família e do PL.
O governador Jorginho Mello esteve em Brasília nesta quarta-feira (3) para apresentar ao Fórum Parlamentar Catarinense o estudo do Contorno do Morro dos Cavalos, alternativa imediata para o trecho mais crítico da BR-101 em Palhoça, marcado por acidentes e interdições.
NO registro, o governador Jorginho Mello, o senador Jorge Seif e as deputadas Geovania de Sá e Caroline De Toni / Foto: Nohlan Scholzel /SAN
O projeto prevê 5,2 km de novo traçado ao custo estimado de R$ 291 milhões, oferecendo mais segurança e fluidez, sem descartar a futura construção dos túneis, considerados solução de longo prazo.
Jorginho protocolará nesta quinta-feira (4), o estudo no Ministério dos Transportes, ressaltando que, por se tratar de rodovia federal em área indígena, a obra depende de integração com DNIT, ANTT e Funai. O documento reúne análises técnicas, projeções de tráfego, estudos geotécnicos, orçamentários e socioambientais.
Segundo o governador, a prioridade é uma solução rápida, viável e segura para a população, enquanto os túneis seguem como expectativa futura. O Fórum Parlamentar apoiou a proposta e se comprometeu a intermediar o diálogo com o Governo Federal.
O Partido dos Trabalhadores (PT) protocolou na Câmara dos Deputados um pedido de suspensão de mandato contra três parlamentares catarinenses do PL, Zé Trovão, Julia Zanatta e Caroline De Toni, além de outros congressistas. A alegação envolve supostas condutas incompatíveis com o decoro parlamentar.
O pedido de suspensão de deputados do PT e atinge três catarinenses do Partido Liberal de SC (Foto: Agência Câmara)
O caso acende um alerta para o risco de um precedente perigoso: a utilização de mecanismos disciplinares como ferramenta política para enfraquecer adversários. No ambiente democrático, divergências e embates devem ser resolvidos pelo voto e pelo debate público, não pela restrição de mandatos legitimamente conquistados nas urnas.
Se a Câmara seguir nessa linha, o parlamento corre o risco de trocar a pluralidade pela perseguição política, isso ameaça não apenas um partido ou grupo, mas o próprio equilíbrio institucional.