Sopelsa: “O MDB caminhou muito mal nos últimos anos”

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O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), Moacir Sopelsa (MDB), está participando em Lages da 2ª Exposição Sul Brasileira de Ovinos e da 3ª Exposição Nacional dos Ovinos Naturalmente Coloridos. Ele o irmão Victor, são criadores e expositores. Tive a oportunidade de entrevistá-lo, e saber dele algo mais envolvendo o MDB e o futuro na vida política. Confira a entrevista completa:

PC – Daqui para frente, o que o Sr. pensa em fazer após o fim do período como deputado?

MS – Bem, tenho até 31 de janeiro, quando concluo meu mandato. Depois vou curtir um pouco a minha família, e minha neta. Foram 40 anos de vida pública, sempre envolvido com eleições, com mandatos. Desde o vereador e prefeito em Concórdia; depois seis mandatos de deputado. Chega um momento em que você também precisa pensar um pouco na tua qualidade de vida e na família, né? Eu não vi minhas filhas crescerem. Hoje, elas têm o que fazer. Têm faculdade, cada uma tem o seu trabalho. Sempre quem cuidou mais delas foi a Valentina, a minha esposa.

PC – Vai ser assim, parar com tudo no meio político?

MS – Não. Claro que não pretendo ir para casa e vestir o pijama. Se eu puder vou seguir ajudando. Na assembleia, eu tenho um relacionamento muito grande com os 40 deputados que estão lá. E não vai ser diferente com os 16 que vão chegar, embora eu não tenha mandato, mas é sempre alguma coisa, a gente vai ter oportunidade de contribuir. Fora isso eu também quero estar perto das minhas atividades. Tenho amor muito grande pela criação. Tenho alguma coisa de ovinos e bovinos. Claro que só uma pequena escala em uma pequena propriedade, e sempre terei trabalho junto com o Víctor, meu irmão. E vou estar sempre à disposição para poder continuar com o meu trabalho em um lugar ou outro. Vou pensar em viver.

PC – No campo político há necessidade de uma reconstrução no Partido. Como deve ser?

MS – Para a construção precisa ser observado aquele que deve ser o governador a partir do próximo domingo. E, as pesquisas indicam um grande favoritismo para o senador Jorginho Mello. Então, com o governo, a reconstrução vai depender de como vão ser feitas também as composições. E vamos saber qual o interesse, e se o governo será compartilhado com o MDB.

PC – E nessas costuras com o novo Governo o senhor poderá estar presente, quem sabe ocupando um cargo?

MS – Não, não. Eu penso que o MDB, se for convidado pelo governador, que se eleger no domingo, vai precisar se definir. A bancada estadual e o partido devem pensar em ter um projeto dentro do governo. Por outro lado, entendo que o governo vai ser entregue para o futuro governador, em ótimas condições. Eu não tenho nenhuma dúvida disso, o pude participar. Será um governo com possibilidade de fazer bons investimentos. Tanto um quanto o outro candidato, tem experiência política e administrativa, e com possibilidade de fazer um bom mandato. O MDB se participar do governo, vai ter que ver qual é o espaço. Precisa ver qual o entendimento; precisa ter o convite do governador. Por enquanto, não há nada definido de convite, nem de um e nem do outro, embora a executiva do MDB tenha declarado apoio aberto ao senador Jorginho Mello. Até agora não se falou em Secretaria, e nem tenho essa pretensão. Mas se eu puder contribuir, assim será.

PC – E o Partido, o MDB, como o senhor pretende ajudar numa reconstrução a partir de agora?

MS – O MDB caminhou muito mal nos últimos dois anos. Não soube construir uma proposta desde a eleição de quatro anos atrás, quando o PMDB não foi para o segundo turno. Não se conscientizou de que, pela primeira vez da história das eleições que o MDB teve candidato a gente podia até podia ter perdido a eleição no primeiro turno. Mas, quando houve dois turnos, o MDB sempre estava no segundo. Faltou mais trabalho. Nós caminhamos mal. E quando se decidiu em fazer a prévia para escolher candidatos, essa prévia, em vez de somar, ela dividiu ainda mais o nosso partido. Nós perdemos companheiros, como o senador Dário Berger. Não é pouca coisa, é um senador. Perdemos companheiro, como o ex-deputado federal Valdir Colatto, e tantos outros. É muita gente. Acabou.

PC – E o caminho que se decidiu, ou seja, compor com o governador Carlos Moisés?

MS – Quando se decidiu na convenção que nós estaríamos juntos com o governador Carlos Moisés, aqui há de se fazer justiça, e dizer que governador, Carlos Moisés sempre nos tratou bem, e colocou o MDB no ponto mais alto da administração dele. Tratou as bancadas e os deputados federais com recursos destinados aos municípios como nunca se viu. E depois da convenção continuou a divisão do partido. Uma parte apoiou, outra não.

PC – Essa foi uma das razões da derrota de Carlos Moisés no pleito?

MS – Olha é uma das questões dentre tantas outras que levaram a nossa coligação não ir para o segundo turno. Não passamos de 17%. O nosso candidato ao senado fez menos de 400 mil votos. A nossa bancada estadual, embora tenha elegidos seis deputados, não passou de 500 mil votos. O MDB, de Curitibanos ao Grande Oeste na fronteira com a Argentina, ficou com dois deputados, um estadual e um federal. Então, nós temos que repensar o nosso partido. Não temos representação no Planalto Serrano, não temos no Planalto Norte, no Vale do Itajaí, não temos em Florianópolis. Ficamos com dois deputados estaduais no Sul do Estado.

PC – E a eleição de domingo também para Presidente da República, o que deve influenciar?

MS – Acho que nesta eleição deve definir o que deverá ser feito a partir do ano que vem com o MDB. Existem conversações de fazer fusões entre muitos partidos. Pois, se você for ver, em Santa Catarina, o Esperidião Amin não conseguiu eleger a esposa e nem o filho; não fez nenhum deputado federal. A família Bornhausen também, não elegeu o filho. O MDB não elegeu senador. Enfim, a gente viu que os partidos ficaram nanicos. O PSDB, em Santa Catarina ficou somente com dois deputados estaduais. Então é preciso pensar na fusão, e independente de quem ganhar a eleição no Brasil, vão haver fusões e federações. Oportunidade para você poder ver um novo caminho do nosso e de outros partidos, sem impedimentos. Daqui a pouco, se der certo, aumentam as bancadas estadual e federal.

PC – E sobre a candidata do MDB a Presidente?

MS – Acho que a nossa candidata a Presidente da República fez uma boa eleição, foi a terceira mais votada. A posição dela de agora tem de ser respeitada, mas está se vendo que está se tornando uma líder. Dos candidatos a presidente que foram derrotados, ela será a grande líder do MDB e ajudar na nossa renovação, na mudança que temos que fazer politicamente dentro do País.

PC – E qual a sua avaliação quanto às composições dentro da Assembleia Legislativa para a formação da Mesa Diretora?

MS – Na Assembleia sempre houve o entendimento, especialmente depois da mudança em se fazer a eleição da Mesa Diretora com o voto aberto. Sempre se fez uma composição democrática, que tenha a participação de todos os que querem compor. Na Assembleia não há o privilégio de eleger como Presidente o mais votado, nem o menos votado. Se estiver eleito e diplomado, os 40 têm o mesmo direito, e todos gostariam de ser o presidente, disso, não tenho dúvida. Será feito mais uma vez um entendimento. Acho também, que o Governador eleito precisará ter dentro da Assembleia a base de sustentação política. Eu que sempre tive mandato de vários governadores, sempre defendi que em projetos bons, devo estar junto. Ser oposição só por ser oposição nunca foi o meu estilo, e recomendo que as pessoas tenham este sentimento. E dos nomes que estão sendo cogitados para presidente, aquele que tiver condições de fazer 21 votos, ele vai fazer os 40. E o MDB está tentando fazer o trabalho de composição, mas respeitando as demais candidaturas postas. Por fim, para o Governo, o MDB se for convidado, ele deve contribuir, caso contrário, vamos fazer nosso trabalho, com oposição inteligente.

Ouça a entrevista na íntegra:

Por Paulo Chagas

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