A política na “Princesa da Serra” vive momentos terríveis, inóspitos e sombrios, e desanda a passos largos. Diga-se de passagem, não é de hoje. Já são dois os prefeitos presos, em tempos contemporâneos. Notadamente, com envolvimento de importantes lideranças, o que coloca Lages numa situação complexa, numa imagem decadente.
A administração Municipal já não vinha bem, antes mesmo dos desdobramentos da Operação Mensageiro. Obviamente, piorou com a prisão do prefeito e de secretários.
Em meio a tudo isso, na Câmara de Vereadores o clima também está de mal a pior. Não há mais entendimento diante de tantas narrativas. Foram pedidos de impeachment negados, contrariedade também à retirada do salário do Prefeito, poucos projetos de relevância, enfim, vereadores votando a cabresto, dando sustentação ao insustentável.
Aliás, uma Legislatura marcada. Se não todos os vereadores, a maioria terá muita dificuldade em tentar uma nova eleição. Assim como na Prefeitura, há quem diga, em meio à comunidade, de que não vê a hora das eleições chegarem e “varrer” com os vereadores, gestores da prefeitura, e todos os indicados politicamente.
Em meio a tanta coisa, fatos isolados só aumentam o desgaste. Cito o caso do vereador Nei Casa Nossa, que está na eminência de perder o cargo por crime de ordem financeira, e ainda parar na prisão.
Desgaste
Falando ainda sobre a gestão. Nunca se viu tamanho desgaste. A impressão que se tem é de que a Prefeitura está à deriva. Questionável, portanto, a pífia condução administrativa do prefeito interino, Juliano Polese (PP).
Com o afastamento de Ceron, perdeu a grande oportunidade de marcar de maneira efetiva o seu trabalho. É um homem inteligente, capacitado, mas sem carisma popular. Explicação para as coisas não andarem bem na Prefeitura, até tem. Ele não domina a maioria ligada ao PSD. Esta é a realidade. O “travamento” de suas ações é notória. Internamente, a fervura deve ser quase insuportável.
Juliano deveria ter tido a coragem de assumir a realidade da política de gestão, e agido conforme suas convicções, promovendo uma ampla reforma, doesse a quem doesse. Depois, caso numa eventual volta de Ceron, que as coisas mudassem novamente. Mas teria mostrado à sociedade lageana que política é também coisa séria, e não apenas favorável a terceiros. Em suma, governa sob a sombra do prefeito preso. Agora, é tarde. Está desgastado e certamente terá de abandonar a ideia de concorrer a prefeito.
Por outro lado, a oposição está cumprindo a cartilha, e aparecendo como salvadora da pátria. Porém, nenhum nome consistente, ainda, surgiu com a força popular e de capacidade administrativa para Lages, para a disputa do pleito de 2024.